O que eu venho dizer aqui é que, chegamos na bandeira preta. Desde o início da pandemia, este é o pior cenário que já tivemos, e temos que concordar que tem uma boa parcela de culpa nossa aí. Eu não queria falar sobre política, pois esse post é apenas um desabafo que quero compartilhar com vocês, mas é impossível falar da nossa situação sem tocar nesse assunto "polêmico".

Bem no início disso tudo, soubemos lidar com todo esse caos, as pessoas se desesperaram e acabaram com o estoque de papel higienico do Zaffari? Sim, mas ficamos em casa, mas próximo as eleições aos poucos os comércios foram reabrindo, uma tentativa frustrada de reeleição do nosso ex-prefeito? Talvez. Afinal era inegável o desespero dos comerciantes, que imploravam a retomada das atividades. A questão é que Porto Alegre não estava preparada, e por mais que tenha tido um rígido protocolo a cerca dos atendimentos, ele não foi cumprido.

Lembro bem do dia que fui até o Centro Histórico para minha consulta com a psicóloga (inclusive, sdds) e quando cheguei lá eu tive uma crise de ansiedade pois aquele lugar estava lotado de um jeito que eu nunca tinha visto. As lojas tinham filas que dobravam a esquina, antes mesmo delas abrirem. Pessoas andando sem máscara, conversando e grudadas umas nas outras, realmente, parecia uma lata de sardinha. O protocolo de fechar a loja às 17h (ou 18h, não lembro), não foi cumprido. Eu saia do meu estágio em direção a parada de ônibus e as lojas, apesar de estarem com as portas fechadas (ou semi fechadas), continuavam atendendo e colocando clientes para dentro da loja. Algumas nem tinham a descendia de fingirem estar fechadas, ficavam abertas mesmo. Não precisava muito para ver que isso ia dar errado. Com a posse do novo prefeito, tudo piorou, Porto Alegre reabriu tudo, mandou todos trabalharem, mas não aumentou o número de ônibus circulando na cidade, resultado: ônibus lotados, pessoas sem máscara (ou com a máscara no queixo, o que é muito pior).

No carnaval o povo decidiu curtir, e nem os culpo, porque sinceramente, todos os dias pegamos ônibus lotados, pagando uma passagem caríssima devido as regras de horários para utilização dos TRIs (cartão de passagem), sem nenhuma assistência, nenhum programa de distribuição de máscara ou alcool em gel... Ou seja, ficamos expostos ao vírus o tempo todo. Fomos obrigados a sair de casa, mesmo tendo campanha #FiqueEmCasa, e não podemos curtir uma praia? Ou o pôr do sol do Guaíba por que? Eu sei que é egoísmo, mas sinceramente, parece hipócrita proibir que as pessoas se divirtam em um ambiente aberto com a família, mas obriga-las a estar em um transporte público lotado com pessoas desconhecidas e sem ventilação.

E estamos pagando a conta. Não sei se é exatamente a conta das festas clandestinas de carnaval, ou se é a conta da irresponsabilidade do prefeito eleito (que é mais provável, eu acho que a conta do carnaval ainda está pra chegar). O fato é que agora não temos mais leitos, temos um perfil muito diferente de infectados, pessoas mais jovens e fora do grupo de risco, e estamos na bandeira preta. Ainda não foi decretado o lockdown, isso será discutido na segunda-feira, mas provavelmente, todos os comércios voltarão a fechar, e a conta vai ser ainda pior.

Eu só espero que tudo fique bem, na medida do possível.